visitantes

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

3ª Ciranda em Luziânia GO.

07 a 12 de dezembro de 2010.


O encontro particularmente por mim enquanto educador voluntário, foi de igual teor das minhas ansiedades de estar junto a novas vivências e experiências, a fim de melhorar a minha busca e do aperfeiçoamento do meu fazer na educação de base.


A receptividade da ciranda em caracóis, foi de modo conturbado, pois a chegada dos educadores da RECID - Brasil proporcionou incômodo dos mesmos, pelo motivo de ter que ficar no aeroporto à espera dos companheiros educadores dos outros estados, no intuito de que todos chegassem ao local de encontro juntos.


A mística de acolhida nos primeiros momentos foi realizada em caracóis, marcando o início do encontro e nos fazendo refletir enquanto rede e nossas especificidades em busca do bem comum a todos. Esse bem comum é entrelaçado em uma tecelagem ao corpo do caracol, que em sincronia de movimento faz com que se mova, assim é a RECID, temos que se mover, relacionar, buscar e emponderar-se em sincronia para efetivarmos e consolidarmos nosso fazer na base e na rede.


O encontro se deu em especial discussões mais afloradas nos GT´s, onde as dinâmicas de gestão compartilhada dos trabalhos foram singular a cada um.


As discussões se entrelaçaram em meio a organicidade, sustentabilidade e conjuntura política da rede, aflorando as reflexões de estamos com um pé dentro e outro fora do governo, deixando assim algumas perguntas: queremos continuar com um pé dentro do governo? Vamos ser movimento social do governo? Se tirarmos o pé do governo, como vamos nos sustentar como rede? Educação popular só se faz com dinheiro? E assim tantas outras vivencias que fez com que em toda a ciranda não houvesse uma monotonia de se repetir, a contar pela presença do jovem Felipe do RJ, que em uma parte provocadora foi feliz quando se mostrou muito seguro e imponderado ao movimento estudantil no Brasil, para constituir bandeiras e sonhos, mas que com um bem comum, um Brasil de todos.


Fazendo um análise de nosso pé dentro e outro fora, no sabor mágico de nossa fruta tropical, a manga, foi o que deu um toque cítrico de nossas descorções, foi o caroço em nossa delícia de suco nas bases, mas também foi o que adoçou as vidas de todos ao final de cada plenária e\ou grupo de trabalho. Por que o povo comeu manga e não foi brincadeira.


O grupo da gestão compartilhada que participei foi o da COMUNICAÇAO, que no inicio não houve comunicação nenhuma, mas que com o descontrair das meninas que era maioria, ousaram e radiocirandar as paqueras,informativos e partilha de vivencias de sua base, no quadro “de quem para quem”, assim como também nos deixando na hora das refeições levados por músicas de altivez para o espírito Carandiru em caracóis do encontro e do nosso fazer de base.


Levado pelas cirandas espalhadas pelos mais diversos ambientes do CIMI (Conselho Indiginista Missionário), as manifestações afro estavam bem representadas com os babalos e pais de santo. Para afinar as descorçoes, encabeçado pelas mulheres, foi organizado um jogo entre as mesmas, que acabou em um jogo misto no final da plenária da quinta-feira, onde a sensação do momento foi a FERNANDA como a craque do jogo, e a participação no gol da figura macia do BRANCO, que se destacou em não deixar muitas bolas entrar no seu gol.


O trem que fez as coisinhas ser bem esmiuçadas foi o encanto da mineira que ajudou o pé dentro pé fora a fazer presente na sistematização dos GT`s, onde pude entender, compreender e me posicionar sobre o contexto histórico do Brasil enquanto país latino americano, compreendendo melhor minha realidade de base, pois vivemos em um paraíso de orquídeas e belas flores.


O que em particular me inquietou enquanto negro cabloco amazonida, é ver que o aspecto político de construir um mundo melhor é uma organicidade piramidal, inconsciente de o nosso fazer em educação popular, e em sustentabilidade no sentido místico, a particularidade amazonida em nossas bases que porém não é vivida em nosso dia a dia, no nosso cuidado da água, da terra, do ar, dos rios, ruas, cidades, campos, ou seja, de nossa casa.


Pelo contrário escrevemos uma carta ao meio ambiente todos os dias, jogando dejetos, lixos, materiais poluidores de todo o ambiente, mas o que jogamos de pior no ambiente como o todo e onde vivemos é a prepotência de fazer e ver, porém apontamos o outro.


A carta que não partiu de destinatário nenhum, mas que deixou todos os amazonidas e cirandeiros perplexos, pelo fato de ser emotivamente assinada por todos, mas não pelo aval de todas as educadoras e educadores.


Momento gostoso de sentir foi a mística da terra e da árvore, pois estivemos todos juntos novamente, eu particularmente a primeira vez na árvore que foi plantada na primeira ciranda, onde todos nós fomos saudá-la, pois entendemos que amigos cuida uns dos outros e fomos regar novamente com adubos(energia e amor) nossa viril amiga.


O encontro foi para todos os educadores, um momento de refletir coletivamente o que somos, como somos, para onde sonhamos ir e principalmente qual o caminho que vamos seguir, encontramo-nos na ciranda da vida para nos afirmarmos como caracol, afim de detectar as contradições e crescer em meio as diversidade de nossa sociedade.



Reginei M. _ Pé



Plácido de castro; Acre


2010