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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A CAPOEIRA E A SOCIEDADE MODERNA

Ainda falta reconhecimento social compatível com o esforço que desprendemos para manter a Capoeira e nos mantermos nela a quantidade de Mestres e de capoeiristas é enorme, potencial, nossa profissão não é reconhecida, nos falta oportunidade de formação, capacitação, não só específica, mas também acadêmica, nos falta trabalho, estrutura financeira, recursos de todos os tipos, para sustento das nossas entidades, aposentarmos nossos velhos mestres, não temos representação política, municipal, estadual, nem federal. Qual a garantia de que os mestres de hoje não são os Mestres Bimbas e Mestres Pastinhas de amanhá, conclusão quem não participa das decisões da Sociedade, está fora dela e a Capoeira está fora da Sociedade e se ela estiver dentro em algumas situações, de nada adianta ainda, pois o capoeirista está fora, o que só abre espaço para oportunistas usarem a Capoeira, para fins inconfessáveis.

Se Quilombo não agredia Quilombo, escravo não agredia escravo, existem capoeiristas hoje, que ainda não entenderam a filosofia da Capoeira, nossos inimigos, são os mesmos inimigos dos escravos e não estão dentro da Roda, mas fora dela.

A Roda é o lugar para nos prepararmos, nos fortalecemos, espiritualmente cantando, corporeamente jogando e mentalmente preparando estratégias de luta, porém sempre preparando o corpo, mente e espírito, para vencer nossos verdadeiros inimigos.

O CORPO se prepara com o condicionamento físico, a busca da perfeição pela prática da repetição sempre bem orientada, eficácia, objetividade, precisão de ataque, contra ataque, domínio de espaço, distäncia, direção, equilíbrio, reflexo dentre muitos outros, onde existe, existiram e sempre existirão regras.
Fica então a reflexão, agredir o parceiro de jögo, não vai nos ajudar em nada, para vencermos nossas dificuldades, até mesmo porque, meu parceiro de jögo, não é o culpado, é tão vítima quanto eu, desta Sociedade que é cruel e desumana, principalmente para aqueles que não aprenderam a defender juntos, seus objetivos.

A MENTE é onde se acumulam os conhecimentos, se arquivam e se organizam as tarefas de como deve ser o nosso comportamento, nossa mobilização para alcançarmos metas, que beneficiarão a todos nós capoeiristas.

Isto deve ser feito com estratégia, muita discussão é o momento onde o Mestre de Capoeira, educa, informa e transforma todos os capoeiristas em guardiões da nossa Arte a primeira coisa a praticarmos é o respeito e a defesa de nossos irmãos capoeiristas, não importa grupo, estilo, escola ou graduação, pois como no Quilombo, somos um Exército e cada capoeirista é um guerreiro.

O ESPÍRITO se alimenta da educação da mente, do alcance de um nível de consciência, já que a instrução é somente para o corpo, se alimenta ainda das práticas da lealdade, amizade, querer bem, ajudar o outro nos momentos difíceis, pois estamos todos com as mesmas dificuldades.

Jögo da Capoeira é e sempre foi para que ambos os jogadores possam dentro de determinados limites, aliás, bastante claros, desenvolver a inteligência, suportar as dificuldades e se fortalecer para a busca da liberdade, enquanto ser social em toda a sua plenitude.

Se não houver urgentemente, um exercício de consciência de trabalho, compatível com o terceiro milênio, nosso risco é de transformarmos a Capoeira do novo século num Quilombo Globalizado.

Por isto até que nos provem o contrário